Lilypie First Birthday tickers
. Suponho que me entender não é uma questão de inteligência e sim de sentir, de entrar em contato... Ou toca, ou não toca.
Clarice Lispector


"Sempre há um pouco de loucura no amor, porém
sempre há um pouco de razão na loucura".
(F. Nietzsche)
"São 4 as loucuras da sociedade:
A 1ª: é instituir que todos têm de ter sucesso, como se ele não tivesse significados individuais.
A 2ª loucura é: você tem de estar feliz todos os dias.
A 3ª é: você tem que comprar tudo o que puder. O resultado é esse consumismo absurdo.
Por fim, a 4ª loucura: você tem de fazer as coisas do jeito certo.

Jeito certo não existe. Não há um caminho único para se fazer as coisas. As metas são interessantes para o sucesso, mas não para a felicidade. Felicidade não é uma meta, mas um estado de espírito.Tem gente que diz que não será feliz enquanto não casar, enquanto outros se dizem infelizes justamente por causa do casamento.Você pode ser feliz tomando sorvete, ficando em casa com a família ou amigos verdadeiros, levando os filhos para brincar ou indo à praia ou ao cinema. Ninguém na hora da morte diz se arrepender por não ter aplicado o dinheiro em imóveis ou ações, ou por não ter comprado isso ou aquilo, mas sim de ter esperado muito tempo ou perdido várias oportunidades para aproveitar a vida. Aprendi que a felicidade é feita de coisas pequenas" (Roberto Shinyashikimédico, psiquiatra)
Me disseram "Você anda sumido" e me dei conta que era verdade. Eu também fazia tempo que não me via. O que teria acontecido comigo? Não me encontrava nos lugares onde costumava ir. Perguntava por mim e as pessoas diziam "é verdade, você anda sumido" e "que fim levou você?". Eu não tinha a menor idéia que fim tinha me levado. A última vez que me vira fora, deixa ver... Eu não me lembrava!Eu teria morrido? Impossível, na última vez em que me vira eu estava tão bem. Não tinha, que eu soubesse, nenhum problema grave de saúde. E, mesmo, eu teria visto o convite para o meu enterro no jornal. O nome fatalmente me chamaria a atenção.Eu podia ter mudado de cidade. Era isso. Podia ter ido para outro lugar, podia estar em outro lugar naquele momento. Mas porque iria embora assim, sem dizer nada pra ninguém, sem me despedir de ninguém, sem me despedir de mim? Sempre fomos tão ligados.No outro dia, fui a um lugar que costumava freqüentar muito e perguntei se tinham me visto. Não era gente conhecida, precisei me descrever. Não foi difícil, porque me usei como modelo. "Eu sou um cara assim como eu. Mesma altura, tudo". Não tinham me visto. Que coisa. Pensei: como é que alguém pode simplesmente desaparecer desse jeito?Foi então que comecei, confesso, a pensar nas vantagens de estar sumido. Não me encontrar em lugar algum me dava uma espécie de liberdade. Podia fazer o que bem entendesse, sem o risco de dar comigo e dizer "Você hein?". Mudei por completo de comportamento. Me tornei - outro! Que maravilha. Agora mesmo que me encontrasse, eu não me reconhecia.Comecei a fazer coisas que até então duvidaria, se fosse eu. O que mais gostava de ouvir das pessoas espantadas com a minha mudança era: "Nem parece você". Claro que não parecia eu. Eu não era eu. Eu era outro!Passei a me exceder, embriagado pela minha nova liberdade. A verdade é que estar longe dos meus olhos me deixou fora de mim. Ou fora do outro. E um dia ouvi uma mulher indignada com o meu assédio gritar "Você não se enxerga não?", então, tive a revelação.Claro, era isso. Eu não estava sumido. Eu simplesmente não me enxergava. Como podia me encontrar nos lugares onde me procurava se não me enxergava? Todo aquele tempo eu estivera lá, presente, embaixo, por assim dizer, do meu nariz, e não me vira.Por um lado fiquei aliviado. Eu estava vivo e bem, não precisava me preocupar. Por um outro lado, foi uma decepção. Conclui que não tem jeito, estamos sempre, irremediavelmente, conosco, mesmo quando pensamos ter nos livrado de nós.A gente não desaparece. A gente às vezes só não se enxerga.L. F. Veríssmo, Zero Hora, 18 de outubro de 2004. p. 3.
Nasrudin conversava com um amigo:
- Então, mullah, nunca pensaste em casamento?
- Já pensei - respondeu Nasrudin. - Em minha juventude, resolvi conhecer a mulher perfeita. Atravessei o deserto, cheguei a Damasco, e conheci uma mulher espiritualizada e linda: mas não sabia
nada das coisas do mundo.
"Continuei a viagem e fui a Isfahan: lá encontrei uma mulher que conhecia o reino da matéria e do espírito, mas não era bonita. Então resolvi ir até o Cairo, onde jantei na casa de uma moça bonita, religiosa e conhecedora da realidade material."
- E por que não casaste com ela?
-Ah, meu companheiro! Infelizmente ela também procurava um homem perfeito!
O grande rabino Yitzhak Meir, quando ainda estudava as tradições
de seu povo, escutou um de seus amigos dizer, em tom de brincadeira:
- Eu lhe dou uma moeda se você conseguir me dizer onde Deus mora.
- E eu lhe darei duas moedas, se você me disser onde Deus não mora - respondeu Meir.